Molion diz que o sol aquece e esfria a terra
Fearnside defende que há aquecimento
causado pelo homem
(Fotos de Tiago Trindade/Divulgação)
Estão a vir três décadas de frio
As verbas para pesquisas voltadas a provar o aquecimento global, nos EUA, “aumentaram de 300 milhões para 4 bilhões de dólares nos últimos anos. Quem discorda da tese do aquecimento causado pelo homem fica de boca fechada, com medo de perder o emprego; eu não, sou funcionário federal, concursado, posso falar o que eu penso”, encerrou sua palestra, na tarde de 08/04, sob vibrantes aplausos, o meteorologista Luiz Carlos Molion, um figuraço, exímio palestrante, bem humorado, um cientista, que trouxe fatos e não postulados ideológicos ao debate no 21° Fórum da Liberdade, no qual dividiu um painel com o também cientista Philip Fearnside, de grosso bigodes de truta, porém não morenos, que apresentou cenários catastróficos de aquecimento e as conseqüências sobre a amazônia. Os argumentos pró aquecimento global já são de domínio público. De quem pensa o contrário, não. Então, ao que disse o Luiz Carlos Molion, uma seleta de 23 minutos de sua palestra brilhante.
No centro da polêmica, as emissões de CO2, que seriam a causa do aquecimento. “Até 1920, a temperatura foi 0,3°C abaixo da de hoje na média; de 1925 a 1946, aumento de 0,4°C a mais do que hoje. Isso é estranho, porque, ao final da Segunda Guerra, em 1945, lançava-se na atmosfera 6% do CO2 lançado hoje. Já de 1946 a 77, foi um período de resfriamento, com enorme aumento das emissões de CO2 e a temperatura com uma redução de 0,14°C. Dizem que o aquecimento atual, iniciado em 1998, foi causado pelo homem. Será verdade?” E questiona “quem é o culpado?” Aí, aciona o remoto dos slides e mostra uma foto do astro-rei. “O sol! incrível, não?”. Risos. Aplausos.
“O sol”, lembrou ele, “é responsável por 99% da energia no planeta”. Assim, a variação da ativi-dade do sol é decisiva para a variação da temperatura. Há, também, o El Niño e as erupções vulcânicas a influenciar o clima.
O ano mais quente foi 1934
Molion trouxe dados de temperatura. Nos EUA, 1934 foi mais quente do que 1998 - ano no qual começou a “histéria do aquecimento” - com muito menos CO2 na atmosfera. Outros anos quentes foram 21, 31, 53, 38, 39 “com baixa atividade de CO2”, destacou, novamente.
Ele encantou a platéia, mostrando, em um gráfico, os picos de atividade solar, os picos de aqueci-mento equivalentes, e três capas da revista Time, noticiando “estamos derretendo”, em 1934: “estamos congelando”, em 1968; e “estamos derretendo” em 1998.
Mas tem mais. Ele apontou para um tópico sempre ausente do debate sobre o aquecimento.
Medir a presença de CO2 não faz parte das variáveis meteorológicas, porque, simplesmente, o principal gás que causa variação de temperatura é o vapor d’água. “Não é o CO2.”
“O CO2 não tem nada a ver com a temperatura. Ele sobe depois dela aumentar. Desde 1998, a quantidade de CO2 está subindo e a temperatura está diminuindo. “Se o aquecimento global continuar desse jeito, morreremos todos congelados”. Risos. Aplausos. Fearnside contorce-se na poltrona, nervoso.
Molion questionou “os modelos usados pelo Philip, do IPCC” (é fundador); o fato de haver menos estações de medição de temperatura, todas em cidade, onde há microclima mais quente e outras dificuldades metodológicas que abalam a tese do aquecimento global.
E o caso da “oscilação decadal do Oceano Pacífico”. De 25 a 46, aquece; de 47 a 76, esfria; de 77 a 98 aquece. As temperaturas acompanham. “Para provar o aquecimento, torturam os modelos, até eles confessarem”, arrematou.
Assim, estão a vir três décadas de frio. Se é que já não começaram, sutilmente, de 1998 para cá.
3,5 bi contra social-democracia
O 21° Fórum da Liberdade, nos dias 07 e 08 de abril, debateu o mercado global. Em um dos painéis, o economista Paulo Guedes alertou que há “três e meio bilhões de euroasiáticos entrando no mercado, sem previdência, sem leis trabalhistas, num capitalistmo selvagem, que pode derrotar a social-democracia ocidental”. O Brasil está incluído nisso. O alerta calou fundo nos mais de três mil jovens presentes ao Fórum, no prédio 41 da PUCRS. Não adianta ignorar. Em alguns anos, os euroasiáticos, em especial os chineses, poderão dominar o mercado. O ramo coureiro-calçadista, muito forte no RS, já sentiu o impacto, bem como os EUA, há duas décadas, na sua indústria automobilística. O “capitalismo selvagem” euroasiático está retirando milhões de pessoas ao ano da miséria, num fenômeno similar ao da Inglaterra do século XIX, mas em di-mensões muito maiores, assustadoras, quase inimagináveis.
“Tem sempre um chinês querendo vender mais barato. Como vamos enfrentar?” A resposta é com encargo social e tributação mais baixas, se não, em dez anos, o Brasil irá sentir a concorrência.
“Quando os euroasiáticos chegarem mesmo, nós vamos ter saudades dos americanos”, alertou. Eis o desafio do Ocidente, que virou imensa social-democracia, no século XX, um ex-capitalismo. Lembrou da decadência da Inglaterra nos anos 40-50. Hoje é a dos EUA.
Sobre o quadro mundial, os EUA não querem desacelerar sua atividade e a China não valoriza a moeda, para poder exportar barato.
Qual o número do crescimento?
O último painel do 21° Fórum da Liberdade, sobre as reformas para aumentar a competitividade do Brasil, reuniu o empresário Henry Maksoud, o economista e ex-ministro da Fazenda de FHC, Pedro Malan, e o engenheiro e consultor venezuelano José Luis Cordeiro. O venezuelano defendeu que taxas de crescimento de 4% a 5% como a brasileira são “medíocres” e que o país pode crescer como a China ou o Chile, no patamar dos 7% e 9%. Henry Maksoud leu trecho de artigo seu escrito em 1976, sobre as necessidades “não de reformas, mas de coisas que devemos acabar de vez”. Ele também quer taxas mais elevadas de crescimento do PIB.
Já Pedro Malan considera taxas de 4% a 5% adequadas à realidade brasileira e lembrou que a China cresce a números altos porque está transferindo população do campo à cidade, o que já ocorreu no Brasil, onde, hoje, 85% da população é urbana, ao contrário de 60 anos atrás. Não haveria como crescer igual, repetindo migração inexistente.
Sobre as reformas, Maksoud foi taxativo “não tem que reformar, tem que acabar”. Aplausos. Ele fala do sistema previdenciário e de saúde, que impede o país de criar poupança, essencial para haver investimentos. Propõe trocar o sistema coletivista atual pela capitalização individual. É preciso também acabar com o “arreio” da legislação trabalhista, que impede empresário e trabalhador de trabalharem. Para ele, ainda, a justiça trabalhista “não tem nada a ver com justiça, há arbitrariedades e discricionaridades, empresas levadas a falência por decisões judiciais. As pessoas temem contratar pessoas. Isso tem que acabar”, repetiu. Aplausos.
Já Malan propôs a necessidade de três reformas. A trabalhista, para o país não ficar preso a uma âncora que outros não têm. “Há um descompasso entre o salário real e o custo de contratação.” Mas vê pouca chance de mudança até a eleição de 2010. Outro item é a reforma previdenciária. “Gastamos 22 vezes mais per capita em aposentadoria, 13% do PIB, do que em ensino fundamental.” E a redução de tributos. “A receita do governo cresce duas vezes mais do que o PIB.” Mas nela vê pouco avanço.
Com fala de candidato, Gomes acena a opostos
Deputado federal, (PSB-CE), Ciro Gomes, provável candidato à presidência em 2010, ex-ministro da Fazenda de FHC, fez um discurso ambíguo. O partido dele, hoje, apóia o governo Lula da Silva.
Aos liberais disse que “não sinto interdição ideológica em viver numa humanidade sem fronteiras, com liberdade absoluta”. E, aos socialistas, que “a comunicação padroniza formas de vida e de consumo. Se a China replicar os EUA e lá houver dois carros para cada três pessoas destrói o mundo.” Ele se afirmou céptico ao livre comércio, porque os países têm realidades diferentes, seja de cultura, de hábitos e “uma sociedade mundial sem fronteiras não existe; nem nunca existirá”.
O norte americano Tom Palmer, do Cato Institute, participou do mesmo painel, no qual apresentou dados de todo mundo, mostrando que os países mais livres economicamente e politicamente, são os mais prósperos, de vida melhor.
E dirigiu-se a Gomes, dizendo que a defesa de uma identidade cultural, como Gomes quer, é uma forma de manter as pessoas pobres na pobreza. Foi direto ao ponto.
“Você, Gomes, é rico para os padrões brasileiros, viajou o mundo, mas os outros não podem, vamos mantê-os em seus lugares. Alegar que as pessoas devam permanecer pobres, para manterem sua identidade deveria envergonhá-lo”, atacou. Aplausos ecoaram no salão.
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