Sunday, December 24, 2006

O Papai Noel da Vídeo Tchê







De cima para baixo. Andriele e Vítor da Ilha das Flores, pela primeira vez na festa.
A multidão, aguardando a tão esperada hora.
O Papai Noel e sua caravana, na Castelo Branco.
O menino, um dos primeiros a escolher seu presente.
Alexandre Bonatto não parou quieto. Nesta foto, distribui cachorro-quente.
Alessandra, Renata e Bruna, já com seus brinquedos.


São 09h45min de 24/12 de 2006. A cidade amanhece quieta, muito silenciosa. É a Véspera de Natal. Na rua Botafogo, Menino Deus, Porto Alegre, RS, na frente da Vídeo Tchê, um grupo grande de pessoas está, há muito, acordado; e ativo. Eles são os voluntários, colaboradores, contribuintes desta maravilhosa loucura que o Alexandre Bonatto, 31 anos, decidiu cometer, há sete anos; loucora que cresce a cada ano. Em 2003, entregou presentes, lanches e, acima de tudo, alegria, para 325 crianças, na comunidade sul da Ilha Grande dos Marinheiros, Delta do Jacuí, Porto Alegre. Em 2005, foram cerca de duas mil. Em 2006 ... bem, em 2006 foram 2.500 crianças que receberam o seu presente, o refrigerante, o cachorro-quente e o bolo, na manhã de 24/12. Um espetáculo.

São 10h00min. Na rua Botafogo, em frente à escola Presidente Roosevelt, as buzinas de um caminhão MB 608D e de outros 20 carros de passeio começam a tocar. O "ruído" quebra mais do que o silêncio de uma preguiçosa manhã de domingo, 24/12. Os sons das buzinas tiram do torpor as almas preguiçosas, naquele domingo, Véspera de Natal. Tiram da letargia os corpos adormecidos ou recém acordados, que escutam a caravana avançar.

A caravana entra na Getúlio Vargas, Visconde do Herval, Múcio Teixeira, João Alfredo, Loureiro da Silva, túnel (ah, não pode buzinar no túnel é?; pois com Papai Noel pode; tudo é festa no túnel); rodoviária, Castelo Branco, ponte e, enfim, a chegada, às 10h45min, na Creche Marista Tia Jussara, na Ilha Grande dos Marinheiros, ao lado da estrada e de uma das pontes da BR 290.
Do lado de fora, um milhar de pessoas já aguardavam. O Papai Noel (Marcos, irmão do Alexandre) apêia da caminhonete, sobre a qual desfilou em aberto, e, de imediato é envolto pelas crianças. Dezenas. Distribui balas, sorrisos, palavras de afeto.

A caravana adentra o pátio da creche. O caminhão estaciona e, logo, formam-se duas filas para descarregar os mais de dois mil brinquedos. Antes disso, uma tarefa para os homens.

Descarregar um freezer horizontal carregado de gelo e de refrigerantes, para, feito isso, permitir a descarga dos presentes. O pessoal sofre mas consegue. A seguir, vêm as caixas d’água cheias de refris e, enfim, os brinquedos aparecem.

São dispostos em vários grupos. Os das meninas; os dos meninos; os jogos; os grandes (bicicletas, enormes bonecos de pelúcia, um televisor, ...), que serão sorteados. Um computador irá para quem tiver o melhor boletim escolar de todos.

Os pães, o molho, as salsichas, os bolos são retirados do caminhão e já vão para a cozinha, onde, em mutirão, os cachorros-quentes são preparados. Papai Noel teria imaginado que sua fábrica de brinquedos, felicidade e sorrisos abriria filiais e, mais, servindo comes e bebes?

Em 15 minutos, o caminhão é descarregado. Outros 15 minutos e as primeiras crianças estão já escolhendo, das enormes pilhas, seus presentes, ganhando seus lanches.

São 11h15min. Até todos saírem satisfeitos com seus brinquedos, irão se passar duas horas e meia. Quase três horas.

Rosane Sommer Bertão, nutricionista veio pela segunda vez na caravana do Papai Noel da Vídeo Tchê. Desta vez, ela trouxe uma auxiliar, Fernanda Camboim, estagiária de Nutrição. Elas estão entre as primeiras a preparar os lanches.

"É gratificante ver a emoção das crianças", diz Rosane. "Este é o verdadeiro espírito de Natal."

Mas elas não estão sozinhas. Durante toda a função, outras dez mulheres não fazem outra coisa, senão preparar os dois mil e tantos cachorros-quentes que saciarão a fome da criançada.

Do lado de fora, na fila, sob um céu nublado (choveu muito de madrugada), um certo bafo, de 28 graus Celsius, Andriele, da Ilha das Flores, está ansiosa. Ela quer uma bicicleta. Ao lado dela, Vítor, também da Ilha das Flores, pensa no mesmo presente.

É pena, mas poucas são as bicicletas. Acabam sendo sorteadas. Mas os dois dizem que se contentam com um outro presente.

Passados alguns minutos de começada a entrega e a menina Bruna Severo Benites, seis anos, da Ilha dos Marinheiros, pela primeira vez participando da festa, está agarrada ao brinquedo que escolheu. Uma boneca Barbie. "Era o que eu queria." Ela tem seis anos.

Já Alessandra Raíssa da Silva Lacerda, sete anos, pela segunda vez no Natal da Vídeo Tchê, afirmou "estou gostando muito". Ela também queria uma bicicleta, "mas não dá para pegar", conforma-se.

O computador foi entregue para João Paulo Oliveira de Oliveira, 12 anos, que passou para a sétima série com um excelente boletim. A mãe dele não escondia sua felicidade. Ao ser entrevistado pelo repórter da TV Bandeirantes, o guri não conseguia falar, não sabia o que dizer, de tão contente. Precisaram da ajuda de um vizinho, com sua carroça, para levar o computador.

Enquanto as pessoas estavam na fila esperando, recebiam cachorro-quente e refrigerante. Para animar a espera, o Comitê Artístico da Vídeo Tchê, formado por Gustavo Grau, violão e voz, e Gustavo, na bateria, cantou e fez as crianças cantarem.

Terminada a função na Ilha dos Marinheiros, sobraram presentes e refrigerantes. Com apoio de um destacamento da BM, em uma viatura, a caravana foi para a Vila dos Papeleiros, na Voluntários da Pátria, distribuir o que sobrou - e não foi pouco. Em instantes, formou-se enorme fila. E a magia do Natal mais uma vez se consumou.

A iniciativa do Alexandre Bonatto da Vídeo Tchê conta com a colaboração de dezenas de amigos, de dois de seus irmãos, de sua mãe, das centenas, milhar de clientes que trocam diárias por presentes. Uma verdadeira organização não governamental, pois não conta com um único centavo, sequer, de algum órgão de governo ou estatal.

Lição de moral. E até o ano que vem.

Wednesday, December 20, 2006

Previdência levada ao colapso


Sommer e sua "antítese" de doutorado

Reside e tem escritório no bairro Menino Deus, Porto Alegre, onde circula a edição em papel do mensário Folha do Porto, o advogado Marco Fridolin Sommer Santos, professor na faculdade de Direito da Ufrgs, autor de uma "antítese" de doutorado, como ele mesmo define, pois "opõe-se ao que se tem escrito na doutrina dos acidentes de trabalho, nas últimas duas ou três décadas", contextualiza. A abordagem é original e única no Brasil, garante. A tese de doutorado, que incluiu um ano de estudos na Itália, foi publicada pela LTR sob o título Acidente de Trabalho entre a seguridade social e a responsabilidade civil - elementos para uma teoria do bem-estar e da justiça social.

Como resumir, em uma entrevista, anos de estudo e uma tese de 176 páginas? Sommer Santos é taxativo sobre a situação do direito dos acidentes de trabalho no Brasil de hoje. O sistema já entrou em colapso, pois, à indenização por acidente de trabalho, pela qual os empregadores pagam de 1% a 3% da folha (conforme a periculosidade), soma-se a ação por dano moral, ou, indenização por responsabilidade civil. "Quando isso ocorre, o sistema de seguridade social se esvazia", alerta. "Voltamos ao século XIX", define ele.

O fundo para acidentes de trabalho é superavitário, informa. Mas os políticos querem lhe dar outro destino. Em troca de votos.

Ele lembra que o acidente de trabalho é, como o nome diz, "acidente", não possui responsáveis morais, daí que os fundos foram criados para a indenização sem que houvesse demanda judicial. Mas as demandas ocorrem junto às indenizações.

"Se não conseguirmos que a lei dos acidentes do trabalho funcione, ela que á e primeira lei do Estado social - de 1919 - o que mais funcionará?", questiona.

Com a interpretação dos juristas, que aceitam a ação de responsabilidade civil somada à indenização paga compulsoriamente pelos empregadores; mais os gastos assistencialistas, "a previdência não é mais previdenciária, ela distribui renda, e não é mais dos trabalhadores", pois é beneficiado quem não contribui.

De quem é, então? "É do uso político, para se obter votos com os benefícios distribuidos; não há mais a preocupação com previdência". No Brasil, ela "não forma fundo, ela se afunda", sentencia o pesquisador.

Intencionalidade fatal
Para o advogado, "a falência da previdência é proposital, pois as idéias sobre ela, que se defendem, só podem conduzir à sua extinção. É previdência no nome, mas, na prática, mero assistencialismo, distribuição de renda. Um partido queria, para apoiar Lula, que o Bolsa Família fosse inserido nos gastos da previdência, o que dá bem uma idéia de como é concebida".

Chave hermenêutica
O empregador paga para manter um fundo de acidentes do trabalho, viabilizando a indenização sem ação judicial, como ocorre em países da Europa, e na Nova Zelândia, "apesar de falarem o contrário". E paga, também, ao ser acionado judicialmente. "Paga duas vezes."

A tese serve, assim, de chave para compreender outras falências sistêmicas do Estado brasileiro, como ao se pagar impostos sobre o consumo e a renda, mais a Cide para abrir e conservar estradas e, também, o pedágio, para o mesmo fim. Também os tributos sobre consumo e renda, para o sistema de saúde, mais a odiada CPMF, que é sistematicamente desviada.

Raios & Trovões

Sugestões para salvar o país
Não haverá limites para a reeleição aos cargos do Executivo. Não será preciso apresentar contas de campanha. O teto do funcionalismo público será de ... qualquer que desejarem. O imposto de renda será de 99%, o de circulação de mercadorias, 100%. Será proibido fumar. Será proibido beber alcoólicos. Todos irão comer grama. O governo irá instituir a Leivabras, para alimentar o povo. O presidente da República viajará sempre com três aviões - um deles, Boeing, para ajudar na contabilidade da pobre empresa norte-americana. O litro da gasolina será, na estatal, R$ 10,00 e, na bomba, R$ 100,00. Chega de preguiça, seus botocudos, vamos caminhar. Vamos queimar calorias. A propósito. Toda e qualquer gordura será proibida. Mesmo a boa. Protetor solar também será proibido. Querem ser brancos, não vão ao sol. O futebol será proibido, para acabar com as brigas de torcida. As estradas serão bem asfaltadas, para o MST marchar à vontade. E ninguém mais, além dos estatais, viajará de avião. O crime será institucionalizado.

Dever adquirido
Tem o povo (rico, pobre, classe média; do setor privado) de sustentar salários estatais acima da realidade econômica do país.

Quem é o patrão?
O TSE, durante a campanha eleitoral, afirmou que o povo é patrão do Estado. Se fosse, o teto do teto seria de uns R$ 5 mil.

O mínimo e o máximo
Mínimo de R$ 375 deputados federais aprovaram; e o seu para R$ 24,6 mil. Prova da ditadura.

Povo truculento
Quem disse que o brasileiro é um povo amistoso enganou-se. A violência e a truculência explodem a qualquer momento. Raios! Vide o trânsito e o futebol.

Sede de soldo?
Já não bastam os soldos dos oficiais inativos da BM serem generosos, estão a ocupar postos civis. Tem na Smic, na Smdh, agora tem na Smov. Onde mais? Se vão trabalhar na PMPA, abram mão da gorda aposentadoria.

Está tudo bem, é?
Presidente militar ou civil sai do país e manda recado. Da Bolívia disse que está tudo bem com o tráfego aéreo. Só se for o dele.

Dispensem o delegado!
Titular de obras, ante a marquise desabada, obra com autorização dele, no mesmo dia, explicou a causa do sinistro, que matou uma jovem de 18 anos. Mil raios!

Não é comigo
Quando um poste, sob responsabilidade estatal, caiu e matou menina de cinco anos, não se sacou, rápido, uma explicação.

País racista?
Como? - se, no Verão, os brancos querem ficar todos negros ...

Cada um na sua
O papel do Estado/governo é achacar o povo com tributos e abusos. O da imprensa, achacar o Estado com críticas e denúncias.

É fácil detê-los
É barbada impedir o terrorismo do MST e similares. Basta reagir devidamente, em legítima defesa. Honestos e sem foice têm de perder o medo deles. Mil raios!

Única e triste solução
Para o caixa quebrado do Estado. Reduzir pela metade o que recebem ativos e inativos. Cobrar R$ 12 bilhões de dívida, incobráveis, não resolve. Em quatro anos os inativos os consumiriam.

Direito adquirido da ditadura
A ditadura civil tem direito adquirido de não redução salarial. Na iniciativa privada, não. Basta perder o emprego. Se quem sustenta não pode mais, está na hora de acabar com a demagogocracia.

O pato-povo macho é fêmea
Os estatais decretaram-no. Só falta o ovo. La plata. Pero, no hay.

Fechem o reformador!
O órgão nacional-socialista está, com o canetaço do presidente, partindo para expropriar fazendas no RS, vedado pela Justiça. Fechem-no! O MST pode tudo. Quem produz, ao extermínio.

E impeçam-no, já
Governante não pode permanecer no cargo, por decretar, à revelia de a lei e de os tribunais, a desapropriação por decreto.

Falta gente brava. E braba
Em outras épocas, atos comunistas teriam resposta à altura.

Imoral e ilegal venda de votos
Deputado defender aumento de colegas burocratas de carreira, acima do que o povo pode pagar.

Metralhadora Giratória - Dezembro 2006

País governador por ignorantes muito competentes
Ele disse que nada sabia de o que ocorria em seu palácio, onde foi urdido o mensalão. Antes mesmo da primeira eleição, a revista Época revelou, esteve com José e Valdemar em um hotel, para negociar o preço de um partido, para ter a vice e apoiar votações. Ignora o valor. Dois deputados recém reeleitos, gaúchos, disseram não saber que o seu comitê conjunto foi usado para a campanha da vacinação. Um deputado estadual gaúcho, reeleito, disse não saber que seu albergue para doentes tinha material de sua campanha. Enfim, se o senhor e a senhora não entregarem a declaração do IRPF ou IRPJ podem declarar que não sabiam deles. Como eles, peçam para serem incluídos fora disso.

Dizer que não sabia não salva ele
De onde veio o R$ 1,7 milhão, usados por petistas, para comprar um dossiê contra o PSDB? Os culpados pela compra eram do comitê do reeleito. Ele é responsável, saiba ou não, diz a lei. E a impugnação??

Afinal, quem vai para a cadeia?
Se um motorista atropela e mata, vai preso. Morrem 154 pessoas em acidente aéreo, sob responsabilidade do Estado. Quem vai preso? O controlador de vôo? O presidente da tal agência? O ministro da defesa? O comandante da força aérea? Ministros da fazenda e planejamento, que retiraram verba do tráfego aéreo? Os deputados e senadores, que aprovaram o corte? O presidente da república, que o sancionou? Quem?De onde veio o R$ 1,7 milhão, usados por petistas, para comprar um dossiê contra o PSDB? Os culpados pela compra eram do comitê do reeleito. Ele é responsável, saiba ou não, diz a lei. E a impugnação??

A culpa é das vítimas, de novo outra vez
O ministro preferido de sua excelência acusou as companhias aéreas de incapazes de dar conta do fluxo de passageiros, culpando-as, assim, pela apagão aéreo. Diacho! O governo dele é o responsável pelo caos, pois reduziu verbas sistematicamente. Relatório do TCU apontou que o governo federal é o culpado pelo apagão, por retirar R$ 522 milhões do controle de tráfego em três anos. Logo, pelos 154 mortos a 27/10?

Governo socialista só produz apagões
Vós lembrais do apagão strictu sensu? O de 2001. FHC alegou que não sabia da baixa vazão nas hidrelétricas. Não leu os relatórios do estatal INPE. Agora, LIS e seu séquito devorador de verba alegam não saberem das más condições do tráfego aéreo. Ambos optam pelo caos.
Mais um caos em 05 e 06/12, por "falha em equipamento de comunicação". Está cheirando a conspiração trabalhista, isso sim, oras! Haja.

Não há lei nem ordem, vale tudo
Os técnicos da justiça eleitoral encontraram R$ 12 milhões ilícitos nas contas do reeleito. O partido fez correções. Ficaram R$ 10 milhões ilícitos (doações de concessionárias de serviço público). Resultado: Impugnação da candidatura e nova eleição. Se lei e ordem há, afinal, 58 milhões de votos não garantem legalidade. Algo similar ocorreu em eleição de Porto Alegre. O vencedor, do partido do presidente, recebeu R$ 150 mil, de R$ 1,5 milhão total, de uma concessionária da prefeitura. Uma promotora maculou sua carreira e a instituição, arquivando o processo. Já a corte superior eleitoral, a 12/12, aprovou as contas ilícitas, permitindo a diplomação. Lex delenda est, contribuição da civitas brasileira à cultura ocidental. "A vaca já foi para o brejo, estamos administrando o rabo." (Millôr Fernandes, Veja, 131206). Democracia??

Do poder da ignorância à ignorância no poder
O poder da ignorância gerou ciência e filosofia. Agora, que o TSE comprovou R$ 10 milhões ilegais na campanha do reeleito, a turma do partido dele disse que não sabia serem concessionárias do Estado as doadoras (é ilícito e anula a eleição). Já o povo não pode ignorar a lei.

Obscurantismo
Comissão nacional de biossegurança fascistiza o papel do Estado e não libera milho transgênico. Por que não proíbe os antibióticos e a insulina, índio velho?

Triste fim
De que adiantaram os discursos de Simon pela ética, contra a dúbia eleita, se, reeleita, deixou-se fotografar ao lado do beneficiário?

Inocentes úteis
Roubaram o carro de Yeda Crusius. Em 2002, o de Rigotto. Isso prova que, quem manda mesmo, é a ralé criminosa. Iludem-se os políticos, pensando que têm o poder.

Prefeito na cadeia?
Empresário que polui, querem preso. E os prefeitos, que jogam esgoto, pelo qual cobram à força, no rio, ficarão na maciota?

Mais corrupção
A estatal oleoginosa inundou de petrodólares os cofres de ONGs de propriedade de filiados ao partido do presidente. Se ONGs, não deveriam ter dinheiro estatal. Mas é o país. Aquelas ONGs fizeram campanha à reeleição. Mais um causo no poder. Haja democracia.

Frase do Mês - Modéstia à parte. "Falência lógica: Quando a mesma história tem duas versões contraditórias, não há o que dizer. Todo o jornalismo é feito de histórias contraditórias. Logo, ... Pensando bem, no direito e nos tribunais é a mesma coisa, com a diferença que, nestes, alguém decidirá, sabe-se lá como, qual das duas versões, da mesma história é fato. A presença opressora da injustiça, daí resultante, depõe contra o suposto humanismo moderno." - O redator, em noite quente.

Wednesday, December 13, 2006

Memória do bairro Menino Deus


A legenda da foto, pertencente ao Museu de Porto Alegre, diz "Ponte de pau do arraial Menino Deus", localizava-se sobre o Riacho, onde hoje é o encontro das avenidas Getúlio Vargas e Érico Veríssimo. Foi destruída em uma das muitas enchentes. A imagem é do século XIX, provavelmente anterior ao bonde a burro, logo, antes de 1863
Segue a íntegra do texto da presidente da Assamed, Alzira Dornelles Bán, publicado parcialmente na página 10 da edição impressa do Folha do Porto, dezembro de 2006

É necessário cultivar e guardar os traços de identidade do lugar a que se pertence, pois o ontem faz com que se estabeleça a seqüência para permanecer. É assim que se pode saber que pelos 1871 o Menino Deus já era considerado "bairro" e que foi de grande atração à vida da Capital.

As festas natalinas começavam com a Missa do Galo, na meia noite do dia 24/12, prolongando-se até o Dia de Reis (seis de janeiro), quando parte da população de Porto Alegre se deslocava, dispondo de transporte de hora em hora, na ida, até porque a distância era considerável.
As festas do Menino Deus eram tão importantes que o próprio presidente da província intervinha se os acontecimentos não estivessem se realizando conforme o esperado. Comprova-se, pois, em 1860, o Dr. Joaquim A. F. Leão dirigiu-se à Câmara de Vereadores, solicitando exame e conserto da ponte sobre o Riacho da rua Menino Deus (hoje, avenida Getúlio Vargas), pois a passagem deveria oferecer segurança ao movimento e trânsito de veículos que ali se efetuaria.
Origem açoriana
Menino Deus é típica evocação açoriana, consagrada na época de Dom Pedro II de Portugal (1648-76), por ter reconhecido como milagrosa a pequena imagem existente desde meados do século XVI, na Confraria dos Escravos do Menino Deus, na Vila Nova da Praia (Praia da Vitória/Angra do Heroismo), na Ilha Terceira, do Arquipélago dos Açores, hoje tombada como patrimônio da humanidade.
Desde a cura da Infanta Dona Maria Izabel, filha do Rei Dom Pedro II de Portugal, a imagem passou a se chamar Menino Deus da Real Proteção. A história da ilha registra grandes acontecimentos relacionados àquela imagem. Os açorianos trouxeram para o Porto do Dornelles (atual Porto Alegre), vivamente, aquela devoção, que se tornou porto-alegrense e nominou o bairro mais antigo da capital.
A paróquia
A Paróquia do Menino Deus, neste Natal, completa 153 anos de sua inauguração, como antiga capela e, em 25 de janeiro de 2007, completar-se-ão os 123 anos de criação da Freguesia do Menino Deus, primária estrutura civil, já, então, criada com fins eleitoreiros.
Desde 1853, com a inauguração da capela, o Natal meninodeusense era famoso e a principal festa da paróquia, movimentando o arraial.
Primeiro sacerdote
Foi o frei Caetano de Troina, italiano da Sicília, que, aqui, viveu por 19 anos. Era uma veneranda figura que, após a Missa do Galo, permanecia no Adro da Igreja, em palestra com os líderes da freguesia, então um sítio alegre e ruidoso.
Já o primeiro vigário foi o padre João Pereira da Silva Lima.
Os templos
A capela, até o início do século XX, tinha o feitio de uma cruz, com a torre no meio, próximo à qual, estava o Império da devoção do Menino Deus. Era um bairro aristocrata, com chácaras e casas de bonito aspecto.
Em 1904, o pároco padre João Becker resolveu reformar a capela, conservando o estilo gótico, mas tornando-a maior. A nova igreja, com monumental torre, foi inaugurada em 06/01/1907. Durou 12 anos. Em dezembro de 1919, de madrugada, originou-se um incêndio na Casa Canônica, do qual apenas as paredes sobraram, para a reconstruir e reinaugurar, em 12/10/1920, pelo já arcebispo Dom João Becker.
Em 01/03/1930, Dom João Becker inaugurou o Colégio, dirigido, primeiramente, pelas Irmãs de Nossa Senhora e, partir de 1944, pelas Irmãs Bernardinas de São Francisco.
Em 26/07/1966, o pároco padre Armindo Cattelan constituiu uma comissão encarregada de estudar a reforma da velha igreja. No fim de 1969, foi aprovado o projeto do novo e atual complexo, tendo ali se realizado a última missa de emocionante despedida. A Missa do Galo de 1975 rezada pelo Vigário Padre Tarcísio de Nadal, marcou a inauguração da atual igreja.
Em fevereiro de 1976, foi erguida uma torre de concreto de 19 toneladas, mas, apesar de seu simbolismo, ainda hoje, não substituiu no coração dos moradores do bairro a bela torre da antiga igreja que era a característica do bairro, originalmente açoriano, depois siciliano e calabrês, sempre fraterno e devotado.
Esta história deve ser amada e aperfeiçoada, o que depende da comunidade, e que todos possam alcançar seus sonhos pessoais em torno do simbolismo que este templo deve significar para cada um.