Monday, September 01, 2008

Depravação de uns atinge todos

O verdadeiro homem livre não irá submeter-se a restrições nem desejará impô-las aos demais.
Viver em um estado de liberdade não é viver apartado da lei ... a lei que ele conscientemente e delibe-radamente impõe a si mesmo.


Vós não fareis as pessoas mais sábias e melhores ao lhes retirar a liberdade de ação.

Não há verdadeira autoridade em qualquer pessoa, ou corpo de pessoas, ao punir um homem por ficar bêbedo (exceto ofensas cometidas quando bêbedo). Tais restrições ou punições são, em um rápido olhar, usurpações de poder.

A liberdade deve ser o nosso guia.

Auberon Herbert (1838-1906), O Certo e o Errado da Compulsão pelo Estado (Londres, 1885)

Aestupidez e a ignorância de uma mínima minoria - os que não sabem beber e dirigir - resultou em uma lei idiota, que proibiu qualquer percentual de álcool no sangue ao dirigir, desde o 20/06. O povo chamou de “lei seca”. A lei seca, mesmo, a proibição de beber, deve vir em breve, prova-velmente com a assinatura de gente dada às etílicas libações. As pessoas pararam de beber ou sair, com medo de multa e de pagar fiança, e de se tornarem criminosas, antes mesmo de um ato culposo, acidental, acontecer.

“Quem for honesto admite ao menos 40% de quebra na venda”, afirma o Cláudio, da Cia Sanduíches, tradicional, já, ponto do bairro Menino Deus, em Porto Alegre (RS), que já tem 20 anos de história na noite, sempre no mesmo endereço.

“No início da semana, minha venda caiu 70%, nos outros dias, 50%”. O leitor pode fazer a conta e ver que a média bate nos 60%.

“É um horror. Se eu não tivesse um produto que eu entrego em casa, já tinha fechado”, aponta. “E quem não tiver vai quebrar. Nosso setor é o que mais facilmente contrata pessoas sem nenhuma qualificação, mais do que a construção civil.” O risco é de demissões, pois não há onde cortar e a bebida tem o menor custo de operação, ainda mais, se comparada às refeições.
“Eu não sou contra uma lei que eduque, para salvar vidas, mas sim à forma como foi implantada”, argumenta. “É como se o empresário não tivesse custo, de uma hora para outra, quebram o movimento.” Além disso, a proibição, para ele, vai contra o mundo de hoje. “Globalização é abertura, democracia, a forma como a lei foi implantada é o contrário disso.”

Com um volume da Constituição na mão ele compara. “O artigo 37 já barrava o nepotismo. Precisou o STF, 20 anos depois, fazer valer o que já era lei? Rasgam a Constituição. E ainda têm 180 dias para se adaptar?! Isso é para dar tempo de fazer o nepotismo cruzado. Já, nós, empresários, a sociedade, temos de obedecer de imediato às leis?!! Legislar em causa própria é muito fácil”, lembra.

Um efeito devastador foi na happy hour, quase extinta. “Antes vinham aqui, bebiam dois ou três chopes e iam para casa. Agora, acabou”. Acabou a alegria. À PT.

Para garçons, renda despencou
O clima é de pânico na Cooperativa dos Prestadores de Serviços de Garçon de Porto Alegre, que reúne 150 profissionais. O presidente da cooperativa, Paulo Pereira, não usa a palavra, mas os fatos que ele elenca traduzem-no. Os garços viram sua renda encolher em um salário mínimo, de um mês para outro, com a vigência da proibição de beber e dirigir. É demais.

“Nunca passamos por um momento como esse”, resume. “Está chegando a Expointer, nossa sa-frinha. Até 15 de agosto não tinha nenhum evento fechado. No ano passado, nesta época, já não tinha mais gente disponível”, lembra.

Os garços cooperativados percebem de dois a 2,5 mínimos ao mês. A redução é de 40% a 50% na renda mensal. Se isso não é motivo para pânico, tente o titular da Justiça viver com um corte desses.

Pereira lembra que o governo irá arrecadar menos sobre a renda dos garçons. “Foi um tiro no pé.”

Forte redução nas vendas
Depoimentos obtidos junto a donos ou gerentes de restaurantes.
- No almoço vendemos pouca bebida, mas, de noite, a venda de cerveja caiu 50%. Subiu a venda do refrigerante. A margem de lucro na cerveja é bem maior.
- A queda na venda da bebida de álcool foi de 70%. No almoço caiu menos, mas caiu. De noite, 70%. Não dá para beber uma cerveja, um cálice de vinho, pois, se cai na blitz ou se se envolve em um acidente, que o sujeito nem causou, ...
- Já demitimos dois funcionários. Menos clientes estão vindo, por causa da proibição.
- O movimento do lanche está igual, mas estou vendendo 25% a 30% menos bebida de álcool.
- Quando a Ambev e a Vonpar tiverem de demitir 30% pela redução do consumo, algo vai mudar.
- No almoço a taça de vinho vendia bem. Desapareceu, quase. À noite, nem quando é formatura. Não estão bebendo. Um sábado, servi 274 pessoas e não vendi três caixas de cerveja, mesmo com a conta liberada para convidados. Antes, venderia 10 a 12 caixas.
- Nosso cliente é mais local, assim, não diminuiu quase.
- Uns 40% ao menos de álcool estou vendendo, principalmente à noite. Se tiver que cortar despesa, só demitindo. Não há no que cortar, somente em pessoal.
- Em dia de jogo, passo na TV, vendia seis caixas. Agora, duas.
- Esta lei pode existir, mas com algum limite. Zero, não!
- De noite caiu 40% a venda do chope, um forte nosso. E uns 20% a venda da comida, pois, se não pode beber, o cliente não vem. É muita coisa, onde vou cortar?
- No mínimo 40% a menos. Domingo, quem tomava, no almoço, uma ou duas cervejas, agora é só guaraná. A bebida é o que sustenta a casa. A margem na comida é muito pequena. Não tem como cortar, nem onde cortar. A lei não precisava ser tão rigorosa.
- Com certeza diminuiu uns 40% a venda da bebida e uns 20% da clientela que bebia nas refeições.
- Está começando a normalizar. No início, em junho e julho, a quebra foi de 40% e menos uns 20% no movimento da cozinha, o que é demais, é um corte muito grande.
- A margem de lucro nos filés fica de 8% a 14%. Na bebida, todos sabem, ganha-se mais. Só de IPI nas bebidas pago 25%, automático, informatizado, é dinheiro que nem passa por mim.
- Ficou horrível para trabalhar.

Demissões à vista
O sindicato dos restaurantes e bares computou uma redução média de 40% no movimento em todo o Estado. Como resultado, virão as demissões, pois os proprietários não têm onde cortar, visto a margem na comida ser reduzida.

Opinião dos proprietários
- Esta lei é uma barbaridade, um pecado. Se tu e tua mulher saem para almoçar e beber uma cerveja, não pode? Isso não existe!
- Uma barbaridade!
- Se é verdade a estatística, a lei beneficia para haver menos acidentes, mas a mídia coloca isso mal, especialmente os restaurantes, achando que têm que bancar tudo, o transporte do cliente. Como?
- O cliente gasta 30 reais e o restaurante vai pagar outros 30 reais para ele ir de táxi para casa?
- Não tem lógica colocar van ou motoboy para levar o cliente, como vai organizar, se tem 30 na casa, cada um de uma parte da cidade?
- Morei nos EUA. Lá, se o policial percebe que o motorista bebeu, pede para ver se ele ainda pode dirigir, faz o teste visual e de equilíbrio, adverte e manda ir para casa.
- Falam em 40 mil desempregados nos restaurantes do Estado.
- É bom lembrar que foi o Lula quem assinou esta lei.
- Quantos bafômetros em Porto Alegre? Três. Mas há risco.
- É uma lei prejudicial. O RS não está bem e, com menos consumo, vai ficar ainda pior.
- E quando chegar o calor, o Verão? Vão aumentar as blitze?
- Isso é uma ditadura!!
- É uma lei absurda. O alcoólatra tem que pegar. Mas o consumidor consciente, jamais! Falo por mim. Se tomo meia garrafa de vinho, dirijo bem. Um funcionário já vou ter que demitir, dos treze. Depois, vamos ver como fica. É que vendemos mais a refeição. Mas e os bares, que vivem da cerveja? Vão fechar? Demitir?
- A gente vira criminoso antes de fazer algo de errado. Pode isso?
- Bandido rouba, mata e nada. A gente bebe um pouco e se incomoda. Tem PM à noite cuidando os que estão bebendo, para ver se depois estão de carro. Pode isso?
- Até para receber em casa é ruim. Qual o prazer de um encontro, sem vinho ou sem cerveja?
- É o medo da blitz que reduziu os acidentes. As leis são fortes no começo. Depois, cedem.
- Nunca um cliente meu bebeu e se acidentou ao sair daqui.
- Fazem vista grossa para as drogas mesmo, e caçam o álcool. O que deveriam fazer, não fazem. Mas é só querer, como agora.
- Essa lei é fruto da prepotência dos governantes, que se aprovam salários e nós temos que pagar.
- Os casais e amigos estão escolhendo um para dirigir ou alguém que não beba, estão voltando.
- A fiscalização já aliviou. No final de semana é ainda perigoso.
- Não precisa de nível zero. Com a lei anterior já estava bom. Não precisa ser criminoso de saída.
- No fundo, no fundo, esta lei foi criada só para arrecadar.
- Também facilita a corrupção. Há quem ofereça e quem aceite.

Mais foi dito. Impublicável.

Labels:

0 Comments:

Post a Comment

<< Home