Desta o prefeito não escapou
Motorista de um Ka não conseguiu prosseguir
no encontro de José de Alencar com Praia de
Belas (Menino Deus/Porto Alegre/RS).
Meninos brincam na piscina pluvial do Menino
Deus - cortesia da prefeitura municipal.
O nível do aguaceiro no encontro de José de
Alencar com Praia de Belas.
Ônibus desviam uma quadra antes do ponto
grosso da enchente.
Desta Fogaça não escapou
Da chuva que caiu, grande bomba d’água - no final de a tarde de 03/01/2007 (faz pouco, são cerca de 20h00) - o prefeito poeta José Fogaça não escapou. As duas primeiras tempestades da estação quente deram-se de madrugada. Uma, 17/12 domingo para 18 segunda foi às 04h30min. O sistema de drenagem da bacia José de Alencar - obra de 2,1 milhões há seis anos -, do qual faz parte a casa de bombas número 12, obra da década de 1970, mais uma vez, como em todas as demais, negou fogo - ou melhor, água. Não drenou. Os alagamentos atingiram a Praia de Belas, a Barbedo, a Grão Pára, a Costa, a Dona Augusta, a Silveiro, a Barão do Cerro Largo ... Atingiram também outras ruas, que fazem parte do sistema de drenagem de outra bacia, supostamente servida pela casa de bombas 13 - da Barbedo para baixo, na direção da Ipiranga.
Na chuva da madrugada de 24/12 - a outra bomba cujo horário poupou Fogaça - os alagamentos foram pouca coisa menores. Fogaça escapou dessa, junto com o adulto jovem Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), criado em 1973. Escapou porque as chuvas não pegarem a cidade em trânsito, em funcionamento.
Ao contrário, São Pedro não lhe sorriu às 16h55min de quarta-feira, dia 03 de janeiro do Ano do Senhor de 2007.
Choveu com muita força, até às 17h30min, ao menos no Menino Deus. Uma chuva densa, que descia reto, sem vento.
Uma coisa era óbvia, para este redator. A drenagem, maisuma vez, não funcionou.
Então, dirigiu-se à José de Alencar com Praia de Belas e lá encontrou, obviamente, o caos. Os motoristas de ônibus das linhas T e Praia de Belas desviaram pela Grão Pára-Costa. Muitos veículos individuais também.
Mas outros tantos tocaram em frente pela José de Alencar. Um Ka ficou parado.
Eram 18h00 quando este redator metido a repórter chegou à José de Alencar. às 18h30min, a água não fora completamente drenada. A resposta, óbvia, para quem conhece o sistema de drenagem, está na casa de bombas de número 12.
Há um ano, choveu, um pouco mais, na manhã de 02 de janeiro. A bomba de água deste 2007 foi um pouco menor, embora de maior tempo. Mas a drenagem demorou mais. Em 2006, foram 45 minutos até as bombas atuarem a contento. Neste ano, uma hora depois, e nada. A chuva foi drenada porque diminuiu em intensidade.
O redator dirigiu-se à casa de número 12, junto à bacia de contenção-fábrica estatal de pernilongos de 1,4 hectare. Lá, um solitário funcionário da Cootravipa - atenção, não é do DEP; é de limpeza de varrição de ruas - atuava como um herói, dividindo-se entre tirar o lixo do canal das bombas e ligá-las.
As quatro que ali existem?
Não. Apenas duas funcionam.
"E eu não posso ligar as duas ao mesmo tempo", disse o funcionário herói de salário mínimo. Sim, ele tem de limpar o lixo do canal de uma bomba, enquanto o de outra drena. Vai e vem. Liga e desliga bombas. Tem de limpar o lixo, pois, se não o fizer, as bombas queimam, devido à redução do volume de água que nelas entra.
Ei, engenheiros, não vai uma tela. Ei, administradores, não precisa de mais gente?
Das quatro bombas, repete-se, apenas uma pode funcionar. Das quatro bombas, duas não podem ser ligadas. Estão com a parte elétrica corrompida. Isso já era assim há anos atrás (o redator não sabe precisar, mas, como o sistema de drenagem da bacia de contenção, construído em 2001, nunca deu conta ...)
Fogaça gastou cerca de um milhão de reais na festa de ano novo. Com R$ 500 mil ele reformava a casa de bombas 12.
Como no mundo socialista de George Orwell, onde o Ministério da Paz cuida da guerra e o da Verdade, da mentira, na solialista Porto Alegre o departamento de drenagem zela pela enxurrada.
Departamento de Enchentes Pluviais.
Até a próxima chuva.
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